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17/05/2025 - In Memoriam

Padre Fioravante Trevisan (1905-1986)

Natural de Silveira Martins, nasceu no dia 25 de março de 1905. Estudou em Linha Base, foi interno na casa paroquial de Silveira Martins, onde era pároco o Pe. Frederico Schwinn. Em 1919 foi para o Seminário, São Leopoldo, até 1924. Fez o Noviciado em Vale Vêneto e já em 1926 retornava a São Leopoldo para o curso de Filosofia e Teologia. Ordenou-se sacerdote no dia 04 novembro de 1930.

 Seu ministério sacerdotal foi iniciado no Patronato (1931-1933). Em 1934 assume a direção do Seminário de Vale Vêneto, por cinco anos. De 1939 a 1941 foi vice-diretor do Patronato; de 1942 a1945 foi pároco de Vale Vêneto e diretor espiritual dos seminaristas. Em 1946 se transfere para Faxinal do Soturno e começa a construção do Seminário São José, inaugurado em 1949, do qual o Pe. Fioravante foi reitor até 1954. Foi para Santo Augusto de (1955-1956) e esteve em Getúlio Vargas (1957) como capelão do juvenato marista. De 1958 a 1960 foi Espiritual do Seminário de Vale Vêneto. Em 1961 foi novamente capelão dos maristas, em Getúlio Vargas. De 1962 a 1963 foi pároco da Paróquia das Dores, em Santa Maria. Volta novamente para Getúlio Vargas, para um período de dez anos (1964-1974). Nos dois anos seguintes, além do trabalho com os Maristas, dava atendimento a colégios de Passo Fundo e Erechim e à Capelania de Erebango. Em 1977, com a saúde inspirando cuidados, volta para Santa Maria, repousando no Patronato. Por longos anos ajuda na paróquia, visita escolas, trabalha com os alunos internos. Em março de 1984 uma isquemia facial o deixa sem poder falar, passando a necessitar de um atendimento contínuo, prestado por enfermeiros e seminaristas do Colégio Máximo. Em julho de 1984 foi levado para a Casa de Retiros, onde faleceu no dia 17 de maio de 1986.

 Pintores e desenhistas internacionalizaram uma palavra italiana de efeito mágico no espírito de todos os artistas. Trata-se da técnica do “Chiaroscuro” pela qual luzes e sombras se alternam de forma a produzir e criar não só ilusão de profundidade nas telas, mas também movimentos dramáticos na alma do povo que ama e admira qualquer veículo de comunicação visual. No caso do Pe. Fioravante Trevisan, só é possível representar sua personalidade, através de luzes e sombras: foi um homem de grandes e generosas aspirações religiosas e de muitos defeitos humanos, tinha fé heróica na ressurreição da carne e na vida eterna e temores pueris da escuridão e das trevas; era de admirável humildade cristã e de aspiração forte para envergar a toga do comando como se fora um cônsul romano. No entanto, sempre viveu pobre e humilde, sincero e delicado; nele a graça sobrepujou a aspiração ardente de uma natureza de comando. Que a graça sobrepujou a natureza, prova-o o desenrolar de sua vida.

Fioravante Trevisan, filho de Domingos Trevisan e Amália Menapace Trevisan, o velho tronco que tantos e tão dinâmicos cidadãos deu à cidade de Santa Maria, nasceu aos 25 de março de 1905 em Silveira Martins, num recanto pitoresco da serra que o Pe. Fioravante galhofeiramente nunca deixa de ressaltar como sendo, no dialeto vêneto, “sotto la-coeta”. Por influência do saudoso padre e humanista insigne, Frederico Schwinn, Fioravante Trevisan, após onze anos de preparação escolar e religiosa, se ordenou sacerdote no antigo Seminário Central de São Leopoldo, hoje Unisinos, aos 04 de novembro de 1930.

Iniciou a vida de padre no apostolado bem pobre e humilde de diretor do Patronato Antônio Alves Ramos de Santa Maria, em substituição ao Pe. Alfredo Pozzer, iniciador dessa instituição. O cidadão Luiz Lameira dos Santos, um dos fundadores sobreviventes do Patronato, acaba de dizer-me que não poucas vezes, a serviço desta instituição foi convidado a almoçar com os primeiros diretores. Como a despensa da mesma só dispusesse de farinha de milho, pelas 10 horas, o diretor escusava-se do trabalho para sair, por entre moitas e ramadas, a caçar algumas rolinhas incautas que servissem de acompanhamento da polenta, prato único com que muitas vezes se alimentavam tanto os alunos como o diretor do incipiente Patronato Agrícola Antônio Alves Ramos.

Em 1934, o Pe. Fioravante se incorpora ao Seminário Palotino de Vale Vêneto como educador de futuros padres. Promotor de vocações ao sacerdócio e homem de iniciativas arrojadas – como os demais Trevisan de sua família – fundou o Seminário de Polêsine, hoje inexistente, e o de Faxinal do Soturno, atualmente fechado. Pelo ano de 1956, a pedido da Província Palotina desiste de construir o projetado Seminário Menor de Santo Augusto. Além da obra ser considerada inoportuna, o Pe. Fioravante contava para mais de 30 anos a serviço das vocações sacerdotais. Daí por diante, até o ano de 1979, continuaria a serviço da juventude, trabalhando ora como capelão do Juvenato dos Irmãos Maristas em Getúlio Vargas, ora como auxiliar em diversas paróquias. Desde abril de 1984, o Pe. Fioravante viveu um longo calvário de sofrimentos na Casa de Retiros dos Padres Palotinos de Santa Maria, até aí falecer na paz do Senhor, aos 17 de maio de 1986.

“Padre Fioravante aproveitava todos os momentos para levar as almas à perfeição, ao amor a Deus e a Maria. Mesmo seus últimos anos, enquanto pôde caminhar, aproveitava para visitar as famílias, os doentes, as escolas; distribuía santinhos, lembranças, orações. Estava sempre preocupado em fazer alguma coisa para o bem das pessoas. (…) Era um sacerdote que viveu a alegria. Mesmo nos últimos anos ele demonstrava esta alegria de poder viver e de poder continuar fazendo alguma coisa. E na educação procurava comunicar essa alegria de viver, seu entusiasmo, sua vibração. Não gostava de ver alguém triste. Com suas risadas francas procurava alegrar a todos.” (Pe. Arnaldo Giuliani, SAC, na missa de corpo presente, na Igreja das Dores.)


Pe. Alderige Baggio, SAC