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Padre Benjamim Ragagnin (1905-1983)

Na tarde do dia 11 de maio de 1983, faleceu Pe. Benjamim Ragagnin. Morreu no Hospital Universitário, em Camobi, Santa Maria, para onde fora levado no dia 27 de abril. Manifestara-se uma insuficiência renal, mas há mais tempo sofria de câncer. Nos dias que se seguiram, perdeu a consciência e na UTI passou os últimos dias, em coma profundo. Seus restos mortais foram sepultados no cemitério dos padres palotinos, em Vale Vêneto, após uma concelebração que contou com a presença do bispo, Dom Servílio Conti, mais de 40 sacerdotes, uma impressionante multidão de pessoas vindas de Novo Treviso, Dona Francisca, os seminaristas do Colégio Máximo Palotino e do Seminário de Vale Vêneto.
Na igreja matriz de Vale Vêneto, durante a celebração eucarística, Pe. Pedro Luís pronunciou este discurso: “O padre palotino que, nesta hora, desce à terra, foi, a seu modo, estampa de São Vicente Pallotti e de Cristo. Manteve-se sempre palotino de destaque e de enche-mão, cumprindo na medida do possível os deveres vividos pelo Fundador. Copiou-lhe o amor pela Congregação, viveu-lhe a humildade, porque sempre existiu no seu ângulo de anônimo, e viveu-lhe também a mortificação, porquanto empregou a vida para as saliências sociais e congregacionais, nunca procurando peluciar a existência de macio e suave. Soube a fundo o valor dos espinhos e do sacrifício.
Nasceu como nós no meio das pedras destas montanhas verdes da Serra do Mar. Refloriu- lhe o berço no carinhoso deste verdor de matas e 1o-chas, onde é sacrifício viver e trabalhar. Entoou os cantos dos avós, mas provou igualmente a abnegação de ter calos nas mãos. Deixou-nos um modelo pessoal, que seguiremos, conforme o possível. Vitalizou durante a vida inteira a nossa esfera de seminários e paróquias. Até seus últimos anos em toava missas em latim. Era pessoa de alegria, entre cantares e casos de bom viver, perto de Deus. Encantou nossas rodas bem humanas com suas anedotas sempre decentes e suas risadas sonoras como as marteladas metalicas dos quero-queros e dos curiós do sertão brasileiro. Por isso, hoje, podemos dizer a ele, no caixão frio, perto do carneiro, aquilo que falou Isalas 49, 18: “Levanta os olhos o mira em redor todos se reuniram junto de ti. temos contigo. E continuamos com o mesmo Isaias 49, 23: “Aqueles que em nós esperam não ficarão frustrados”. Sim, os teus irmãos estão aqui, ob confrade, com suas missas e comunhões, com seus rosários, suas vias-sacras e indulgências do Ano Santo.
Disse eu que o morto era um trecho consolador de alegria e de casos de regozijo. De fato, era um homem de espírito. Um dia, disse-lhe um estudante: “Temos esperado anos o Concílio Vaticano II com suas renovações, e veio”. Respondeu-lhe o pároco de Novo Treviso: “Grande cousa! Eu já estou esperando o Concílio Vaticano III com as renovações que se impõem agora”. Possuía, por conseguinte, ideias sadias.
Amava este confrade o sacerdócio e o empregava no meio de seu povo. Podia dizer com São João no Apocalipse: “Fez-nos Deus reis e sacerdotes. Esses sacerdotes reinam sobre a terra”. Pregava com as obras o dizer de São Martinho: “Non recuso laborem”. Efetivamente, Pe. Benjamim Ragagnin não recusava a gama dos trabalhos: de Provincial foi ser vigário de Novo Treviso, essa Geringonça que é a jóia das colônias.
A família foi sua primeira escola de vocação. Conheci profundamente sua mãe, que era urna de ouro de espiritualidade e bons conselhos. Entre os 40 mártires de Sebaste houve o célebre Melito. Passaram os 40 religiosos uma noite sobre gelo. Só Melito, à madrugada, dava fracos sinais de vida. Queriam, então, retirá-lo dentre os companheiros. Naquela hora, a mãe interveio, exclamando: “Filho, termina esse ato de mártir com teus companheiros”. E isso dizendo arrastou seu filho para junto dos cadáveres. Esse foi o caminho do Pe. Benjamim Ragagnin: a fraqueza física sempre acompanhou-o, mas perto a pregação viva de sua mãe sempre o encorajou. Irmão exemplar da Província da Conquistadora, ao descer ao túmulo, leva contigo uma flor dos confrades: a comunhão e a missa de todos, e eu pessoalmente te apresento este goivo de saudade: as indulgências do Ano Santo de ontem e de hoje.
Dizemos-te, enfim, com convicção: se não tivesses existido, haveria um vazio na Província Palotina. Tiveste sempre um hino a Deus e à Vida: a alegria entre o povo e os confrades. Passaste, assim, como veludo macio pela existência. Disse Bernanos: a maioria dos homens escolhe o nada escolher. Tu, em vez, escolheste a melhor parte, como a Maria do Evangelho, por isso ao teu enterro peregrinam os admiradores de teu exemplo: os comandados da Província Palotina e os paroquianos de duas paróquias tuas. Agora estás lá, como se expressava Dante: “Colá dove il gior s’insempra – lá onde a alegria existe sempre” (Paraíso 10, 148). É a Plenitude de tua Vida. Padre Benjamim Ragagnin causa- nos duas invejas: inveja de sua vida e inveja de sua morte, por causa da santidade com que recebeu a missa, a comunhão e os óleos dos enfermos.”
“Informações Palotinas”, por ocasião do jubileu deste confrade, ocorrido a 27 de dezembro de 1982, levou aos leitores um resumo da vida e atividades e uma entrevista respondida por ele à revista. Agora que o Pe. Benjamim partiu para a casa do Pai, ficou uma lacuna no seio de nossa Província, e todos sentimos a separação daquele que sempre sabia sorrir, animar e entusiasmar os confrades e seus paroquianos.
Quando foi escrito o artigo, acima mencionado, se tinha em mão pouco material de pesquisa: este foi achado em Novo Treviso, post mortem, inclusive parte de seu diário. Agora que nos deixou, é preciso dizer algo mais a seu respeito. Pe. Benjamim, depois de ser professor no Seminário de Vale Vêneto, esteve por três anos no Patronato como auxiliar do Pe. Rafael Iop. Na década de 30, este abrigava anualmente mais de uma centena de meninos carentes. A permanência do Pe. Benjamim, nessa casa, foi benéfica, porque sabia lidar com meninos e adolescentes. Em 1940, estando bastante adoentado, Pe. Benjamim ficou em Polêsine, por quatro meses, auxiliando ao Pe. Agostinho Michelotti.
DONA FRANCISCA
Em maio do mesmo ano adoecera gravemente o Pe. José Iop, pároco de Dona Francisca, vindo a falecer O Pe. Benjamim foi enviado a ocupar aquele posto. Um dos primeiros cuidados foi terminar as obras da igreja e da torre, que seu antecessor começara. Em janeiro de 1941 enviou uma carta-convite ao Pe. Francisco Burmann, pároco de Cadeado (hoje Augusto Pestana), convidando-o para a solene inauguração da nova Igreja Matriz. Este assim respondeu: “…É meu ardente desejo, desde muito tempo, ver outra vez, antes de minha morte, o bom povo de Dona Francisca, que amava e amo ainda muito. Os dias mais felizes desta terra bendita do Brasil eu os passei em Dona Francisca. Agora sou um ancião de 74 anos. Não posso mais fazer os pulos que fiz naqueles tempos, em Dona Francisca…” E termina a carta desculpando-se por não poder ir e manda saudações a todos.
A nova igreja recebeu a bênção simples e começaram a funcionar nela os ofícios religiosos. A Bênção solene foi dada no ano seguinte por Mons. Humberto Busato que a classificou como o melhor templo do decanato de Ivorá. Às Irmãs Palotinas estavam em Dona Francisca desde 1933, a convite do Pe. José lop. Elas sempre foram um grande auxílio na pastoral, na catequese e no ensino. Entre o Pe. Benjamim e as irmãs sempre houve um bom relacionamento como de pai para filho e amigo.
Pe. Benjamim mantinha um pequeno pensionato na casa paroquial para meninos, a fim de poderem frequentar o colégio das irmãs. O espírito religioso do povo era exemplar, porque o zelo do pároco se empenhou sempre mais, como o provam os relatórios enviados ao bispado. Nas missões pregadas pelos padres palotinos a participação foi de 98%. As Filhas de Maria e o Apostolado da Oração eram o termômetro da paróquia. Ele dirigiu os destinos desta freguesia até março de 1947, quando o Superior, Pe. Rafael Iop, destinou- o para Mestre Interino dos Noviços. Seus paroquianos sentiram muito a partida de seu guia espiritual e amigo. As irmãs, noviças e colegiais, no discurso de despedida, expressaram a mais profunda gratidão “pelos inumeráveis sacrifícios e o incansável zelo que dedicou a este colégio, cooperando para o seu progresso e bem-estar com generosidade e bondade de um magnânimo coração paternal”. “Sim, mil vezes lhe agradecemos… Muito sentimos esta separação… com os olhos da fé o estaremos sempre acompanhando”.
MESTRE DE NOVIÇOS
O grupo de noviços era o curso de Osvaldo Viegas, Gentil Lorenzoni, Félix Pillon, José Giuliani, Eduardo Dagiós… Pe. Agostinho Michelotti, que foi mestre desde 1938, fora eleito para tomar parte na Assembleia Geral. Pe. Benjamim Ragagnin logo conquistou todos os jovens noviços, com sua proverbial alegria e dedicação. No dia 07 de maio anotou em seu diário: “Mãe, dai-me força e ânimo” e, no fim do mês: “Obrigado, Mãe querida!” Poucos dias depois do fim da Assembleia Geral, Pe. Benjamim recebe um fonograma do Pe. Rafael Iop, anunciando-lhe sua eleição para Reitor Provincial.
O discurso de despedida de seus queridos noviços inicia assim: “Corriam os dias e vivíamos felizes nós, desfrutando desta felicidade pura e sadia que só a peregrina habilidade de um gênio, qual é o Pe. Benjamim sabe acender nas almas que o cercam”. E mais adiante o orador diz: “Golpeia pela base essa construção harmônica de um feliz viver;… e’-nos arrebatado o nosso estremecido Mestre de Noviços, homem dos mais raros dotes e predicados morais, que por isso mesmo, mau grado nosso, permitiu a Providência assumisse ele as rédeas dos destinos desta nossa florescente Província”. Tanto esta, como a despedida de Dona Francisca demonstram a estima de que o Pe. Benjamim gozava.
Pe. BENJAMIM RAGAGNIN PROVINCIAL
No seu diário ele anotou que a posse foi no dia 15 de julho de 1947, em Santa Maria, no Patronato, ondo residia a grande coluna de nossa Provincia, o Pe. Rafael Iop, que se alegrou muito, confessou o Pe. Benjamim, com a eleição do novo Provincial.
Logo começou suas visitas aos confrades. Lembrar-se-ão os filósofos de Polesine, em 1947, quando o novo Superior apareceu pela primeira vez entre nós. Ao ser saudado, entre as palavras de agradecimento, disse que entra rezado e suplicado a Jesus que lhe tirasse a vida, se não fosse do agrado dele ser Superior Provincial. Todos ficamos admirados de suas palavras.
Confiante, pôs as mãos no arado e não olhou para trás e foi levando sempre junto o seu sorriso, o otimismo e a fraternidade. Suas viagens eram de trem ou de ônibus. Naqueles anos a Provincia não possuía carro nenhum. Salvo engano, o único pároco que tinha carro era o Pe. João Zanella. O primeiro carro que a Província comprou foi a perua “Fargo”, do Patronato. Mais tarde, as coisas melhoram e apareceram várias conduções. E, sem carro mesmo, Pe. Benjamim, nos anos de 1947 e 48, fez mais de cem visitas aos confrades, e como em algumas casas se demorava mais dias, podemos dizer que passou mais fora do que em casa.
No tempo do Pe. Benjamim houve a introdução do Movimento Apostólico. Mas uma vez ele manifestou apreensão, temendo que nós esquecêssemos os antepassados missionários palotinos, que evangelizaram boa parte do Rio Grande do Sul. E, de fato, a rapidez com que este veio para dentro da Província provocou contestação por parte de diversos confrades, pois o Movimento quis substituir a imagem da Rainha dos Apóstolos pela da MTA. Isto o Pe. Benjamim sentiu… E aquele padre que tinha na mão a direção espiritual no Seminário Maior de Polêsine escreveu uma circular ao Superior Geral, Adalberto Turowski: “… a imagem da Rainha dos Apóstolos está fadada a desaparecer dentro da nossa Sociedade…” (sic).
Uma boa iniciativa do Pe. Benjamim foi de exumar os restos mortais de oito palotinos enterrados em diversos lugares (Porto Alegre, Santa Maria, Cruz Alta, etc.) e colocá-los no atual cemitério da Província, em Vale Vêneto. Foram: André Susin, Paulo Bosslet, Domingos Nostro, João Barbisan, Francisco Schuster, Francisco König, Frederico Schwinn e José lop.
Pe. BENJAMIM E A CASA DE RETIROS
Logo que assumiu a direção da Província, a Casa de Retiros estava com os muros à meia altura. Ele dirigiu uma carta ao prefeito de Santa Maria, pedindo isenção dos impostos, etc., e tomou a peito a responsabilidade da conclusão da obra, incentivando todos os párocos das paróquias administradas por palotinos, e o mesmo fizeram nossos missionários nas paróquias do clero secular. As lápides são uma mostragem dos maiores benfeitores. Quase toda a Diocese de Santa Maria empenhou-se porque era um ardente desejo do Bispo Dom Antônio Reis. A nossa Província levantou um grande empréstimo sob sua responsabilidade, confiante que não faltariam as bênçãos de Deus (veja Rainha dos Apóstolos de 1949, p. 36).
Dia 29 de dezembro de 1948 foi trazida, numa grande procissão motorizada, motivando toda a cidade de Santa Maria, a padroeira da Casa de Retiros, a Rainha dos Apóstolos. Um tríduo no local preparou o grande evento e 1° de janeiro de 1919 aconteceu o maior fato de Santa maria, segundo confessou Dom Antônio Reis: “… Deus Nosso Senhor, que sabe e conhece as coisas, sabe como meu coração se sente inundado de alegria e satisfação a ponto de não poder dar largas a isso. Quero dizer que na história da religião e da diocese foi escrita uma das mais belas páginas, foi concretizado um dos mais belos fatos”.
Entre os inúmeros fonogramas recebidos, destaca-se o de Pio XII: “O Augusto Pontifice compraz-se com a inauguração da Casa de Retiros; faz votos que ela corresponda ao alto ideal a que se destina e, paternalmente, envia a bênção implorada.”
O ano de 1949 foi para os palotinos do mundo inteiro muito auspicioso, porque fora divulgado o dia da beatificação de Vicente Pallotti. O Pe. Benjamim teve a dita de assistir à beatificação e, quando voltou, contou-nos tudo o que viu, ouviu e sentiu naquele dia 22 de janeiro de 1950.
“Agora – disse-nos o Pe. Benjamim – entendi bem as palavras de Vicente Pallotti: “Esta Sociedade será abençoada”. Em agosto do mesmo ano da beatificação foi promovido o 3º Congresso Eucarístico Inter-paroquial, em Faxinal do Soturno, que constituiu uma apoteose e um grande despertar da Província. Os leitores de “Informações Palotinas” leiam a Rainha dos Apóstolos de 1950 (p. 175, 196, 250 e 322-375) para ter uma ideia do que foi aquele congresso. O Pe. Benjamim já estava exercendo o segundo mandato de
Provincial, reeleito a 16 de maio. Todos os confrades da Província receberam com alegria sua reeleição.
Se a grande meta da Casa de Retiros estava alcançada e os frutos dos retiros eram sempre mais consoladores, pela frente se apresentava outro ousado projeto: “O Seminário Maior Palotino Sul-Americano”. A casa de Polêsine já era insuficiente, tanto que foi preciso iniciar, em Augusto Pestana, o primeiro ano de Filosofia.
Numa circular de 31 de março de 1952, o Pe. Benjamim, entre outras notificações, comunicava aos membros da Província: “Como é do conhecimento de todos, já estão sendo atacados os trabalhos preliminares da construção do Seminário Maior, em Santa Maria. As três consultas: Geral, Provincial (padres das Províncias e Regiões da América do Sul) e a grande maioria dos sacerdotes convieram por Santa Maria. Logo – acrescentou – se até hoje tivemos a liberdade de discutir a escolha do lugar para nosso futuro Seminário Maior, de hoje em diante não será mais permitida tal discussão, sob pena de retardar a marcha da construção… Soou a hora decisiva. Agora depende de nós: ou marcharemos para mais uma grandiosa realização dentro da nossa Província ou fracassaremos…” E fez ele um ardente apelo pela união das forças.
Tendo que tomar parte no Capítulo Geral de 1953, não pode estar presente ao lançamento da primeira pedra da obra, no dia 17 do maio (vejam Rainha dos Apóstolos deste ano, p. 11 e 112 e 289-300). Não podemos transcrever tudo o que aconteceu nesse histórico dia. É de justiça, porém, enunciar as presenças de Dom Antônio Reis, que abençoou a pedra fundamental, e do deputado federal Adroaldo Mesquita da Costa, que falou no ato. Este ilustre líder deixou escapar esta frase: “Os palotinos estão empreendendo esta grandiosa obra porque confiam na Divina Providência”. De fato, vendo o que é hoje o Colégio Máximo Palotino, devemos exclamar: Oh! bendita Providência que nos ajudou a levar a termo este enorme prédio!
De regresso de Roma, Pe. Benjamim entregou as rédeas da Província ao Pe. Casimiro Tronco, fazendo parte do Conselho, como Consultor e Ecônomo Provincial. Pe. Casimiro Tronco, embora eleito novo Superior, permaneceu em Polêsine, dando aula até findar o ano escolar de 1953, e o Pe. Benjamim passou a residir em Vale Vêneto, onde dirigiu as obras do pensionato contíguo à casa paroquial; foi também seu primeiro diretor, quando começou a funcionar. Seu diário diz que continuou a visitar os confrades até o fim daquele ano. No provincialato do Pe. Valentim Zamberlan, ele continuou como Ecônomo Provincial, locomovendo-se bastante pelas casas da Província.
PÁROCO DE VALE VÊNETO (1961-1967) E DE NOVO TREVISO (1967 ATÉ FALECER)
Quanto tomou posse da Paróquia de Vale Vêneto, Pe. Benjamim ainda possuía bastante entusiasmo. O livro de tombo reflete muito bem com que zelo iniciou a caminhada, incentivando a piedade, o canto e reativando as Filhas de Maria, Apostolado da Oração e a Confraria do SSmo.
Na festa da Imaculada, em 1961, reuniu todas as Filhas de Maria da Matriz e capelas. Estas (das capelas) fizeram entrada triunfal, sendo recebidas na Capelinha do Rosário pelas de Vale Vêneto, com a imagem da Imaculada Nossa Senhora de Lourdes, que há 92 anos ali era venerada. “A missa vespertina na gruta foi um verdadeiro triunfo para Maria, jamais visto em Vale Vêneto” – escreveu no livro de tombo. E assim ele celebrava sempre a rigor a Semana Santa, o Padroeiro, o Natal e outras festas litúrgicas. Dom Vitor Sartori, embora exigente, na Visita Pastoral de 1963, elogiou o zelo do Pe. Benjamim. Nem tudo era luz, porém: teve também suas dificuldades e atritos e alguns dissabores, como acontece a qualquer padre, na pastoral. Em Vale Vêneto empenhou-se muito em pintar a igreja, aumentar o salão paroquial e reformar algumas capelas. Até lutou por uma linha telefônica entre Vale Vêneto e Polêsine.
NOVO TREVISO
Aqui o Pe. Benjamim sucedeu ao Pe. José Giuliani, e em Vale Vêneto cedeu o lugar ao Pe. José Cancian. A despedida foi bastante “solenizada a seu modo”, segundo se pode ler no livro de tombo de Novo Treviso. Esta aconteceu às 6h da tarde de 1967, com uma missa de ação de graças na gruta e depois a caravana partiu para Novo Treviso. Aqui foi bem recebido ‘improvisada uma boa recepção e festejos. Sua transferência de Vale Vêneto se deve, em parte, a alguns dissabores com o pensionato e uma comunidade local.
Em Novo Treviso, começou a reanimar e reativar a comunidade, principalmente porque corria voz que perderia os direitos e o título de paróquia. O que fez em Vale Vêneto, na pastoral, no canto e nas festas e Semana Santa, o mesmo fez em Novo Treviso na Matriz e nas duas capelas. Ergueu um monumento ao Pe. Agostinho Rorato (pároco de Novo Treviso, de 1921- 1960). Uma celebração fora do comum para o lugar foi o Centenário da Imigração Italiana, em 1975, a 19 de outubro. Não é possível descrever aqui o que aquele povo e visitantes viram. Mostrou com 41 alegorias a grande epopéia da imigração; por falta de gente para todas, algumas pessoas fizeram diversos papéis. Também Novo Treviso teve a visita do Patriarca de Veneza, Dom Albino Luciani, depois PP. João Paulo I, que veio especialmente para o encerramento dos festejos da imigração italiana no Rio Grande do Sul.
O Pe. Benjamim esteve várias vezes em Resende, auxiliando o confrade Duílio Antonini na Páscoa dos militares ou substituindo-o durante as férias. Ali, entre a juventude e as famílias dos militares, logo grangeou simpatia e fez amizades, cativando a todos nos encontros que manteve como sacerdote. Assim o provam os discursos e declamações das despedidas. Outro fato importante, durante os anos de seu provincialado, foi a frequente correspondência que manteve com o então Secretário Geral da S.A.C., Pe. Agostinho Michelotti (1947-1953). Na pasta do Pe. Benjamim estão guardadas mais de 84 cartas: 38 dele e 46 do Pe. Agostinho. Aquele declarou, na entrevista respondida por ocasião do jubileu de ouro, que o Pe. Agostinho o ajudou muito durante seu governo provincial. A gente poderia fazer um estudo e pesquisas sobre esta correspondência, mas o espaço não permite. Isto vem corroborar o empenho que ambos tiveram pela Província e pela Sociedade, seja a respeito dos seminários, das casas, das vocações, da Casa de Retiros, do futuro Seminário Maior, do Patronato, da tipografia, da economia, da revista, etc., etc. E nunca esquecia as grandes notícias nacionais e acontecimentos importantes da região e das paróquias e casas da Província. Seguido pedia conselho e parecer ao Pe. Agostinho para casos especiais.
Por Pe. Claudino Magro, SAC