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Irmão Ovídio Busanello (1915-1988)

Natural do município de Faxinal do Soturno, filho de Francisco Busanello e de Augusta Zago Busanello, nascido na localidade de Novo Treviso, aos 17 de setembro de 1915, o Irmão Ovídio faleceu de enfarte, no Hospital Astrogildo de Azevedo, na cidade de Santa Maria aos 11 de maio de 1988.
Ingressou no Seminário de Vale Vêneto no ano de 1928. Depois de alguns anos de estudos, o jovem Ovídio Busanello, optando pela vida religiosa, professou como Irmão na Sociedade do Apostolado Católico (Palotinos) aos 02 de fevereiro de 1934.
No mesmo ano de 1934, transferiu, em companhia do Pe. Rafael Iop, a pequena tipografia e a revista “Rainha” do Seminário de Vale Vêneto para o Patronato Antônio Alves Ramos em Santa Maria, tornando-se assim um dos fundadores do departamento industrial dessa instituição dedicada à promoção humana da juventude pobre santa-mariense.
Apesar de ter trabalhado em vários lugares, como Vale Vêneto, Augusto Pestana e Cruz Alta, foi sobretudo no Patronato, em Santa Maria, onde o Ir. Ovídio permaneceu por mais de 40 anos, que sua ação benemérita se fez sentir.
Sempre humilde e escondido, exerceu várias funções, trabalhando como professor, agricultor, chacareiro e mecânico. Nunca exigiu dinheiro ou recompensa alguma por seus mais de 50 anos de trabalho árduo e fiel. Para ele o trabalho não consistia numa função econômica para produzir lucros materiais; considerava-o, unido à oração perseverante, como se fosse ação espiritualmente libertadora. Levantava-se diariamente antes das 5 horas da madrugada, para todos os dias dedicar mais de duas horas à oração, à santa missa, à meditação e ao rosário.
Em todo e qualquer sacramento, através das coisas simples de cada dia: a água, o pão, o vinho e o óleo, e das ações humanamente humildes de lavar, comer pão, beber e ungir o corpo; Deus se encarna na condição humana para libertar o homem e a mulher, para operar a redenção, para salvar e para santificar. Através do trabalho e da oração do obscuro Ir Ovídio transparecia algo sacramental. Pela sua dedicação ao trabalho se fazia visível e concreto o seu amor aos irmãos, pela sua dedicação contínua à oração se tornava visível seu amor a Deus.
Alguns pormenores sobre o final da vida do prezado Ir. Ovídio: três dias antes de morrer, internou-se no Hospital Astrogildo de Azevedo por sofrer de problemas brônquio- pulmonares e de crise de rins. Aliás, nos últimos anos de sua vida, esses distúrbios vinham se repetindo na entrada do inverno, por ocasião dos primeiros frios intensos. Hospitalizando-se, porém, reagia prontamente e voltava para casa curado e bem-disposto para reassumir os seus trabalhos. Neste último ano também começou a reagir, ainda que lentamente. No dia anterior ao falecimento almoçou sentado e bem-disposto; o mesmo se repetiu ao meio-dia, poucos instantes antes de morrer. O enfermeiro entrou no quarto para mudar-lhe as roupas e, como apresentasse melhoras, para dispô-lo mais confortavelmente para o descanso da sesta. Os confrades saíram do quarto, deixando-o só na companhia do enfermeiro. De repente, estremeceu e pediu socorro. Era o enfarte; o enfermeiro não teve dificuldades para constatar que estava morto.
Foi velado na capela do Patronato, onde viveu e trabalhou a maior parte de sua vida entre confrades, amigos e conhecidos. Após duas santas missas de corpo-presente, uma na Igreja Santo Antônio de Santa Maria e outra na Igreja Matriz de Vale Vêneto, foi sepultado no cemitério palotino junto de seus confrades de vida religiosa. Estavam presentes três irmãos seus e dois sobrinhos vindos de Santa Rosa, Esquina Tucunduva, onde anualmente o Irmão Ovídio passava seu mês de férias, na companhia gentil de sua família. Sem pretender canonizá-lo, recordamo-lo como um homem comum, fiel à vida religiosa, que soube trabalhar e amar. (Alderige Baggio)
“Ajude-me” foram as últimas palavra ditas pelo Ir. Ovídio Busanello ao enfermeiro do Hospital de Caridade, logo após ter almoçado, no 11 de maio.
Suponha-se uma internação quase já de rotina, acontecida na segunda-feira anterior, para um tratamento de desintoxicação. Mas a morte chegara e levava nosso irmão que durante tantos anos serviu com trabalho silencioso e humilde, em muitas comunidades de nossa Província. Maria cantou que Deus exalta os humildes. Temos certeza que também terá exaltado na pátria celeste aquele que na simplicidade de sua consagração o serviu aqui na terra. Ir Ovídio nos deixa um exemplo de vida humilde, fruto da fidelidade à oração a eucaristia e à devoção a Maria.