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06/06/2025 - In Memoriam

Irmão Odone Pedro Milanesi (1923-1992)

Inesperada foi a morte do Irmão Odone Pedro Milanesi, ocorrida em Fátima do Sul, no dia 6 de junho de 1992 com apenas 69 anos de idade. Ele sempre gozou de boa saúde, por isso sua morte foi uma grande surpresa. No dia anterior, sexta-feira, sentindo-se mal, foi levado às pressas ao hospital, onde teve imediata assistência médica e dos confrades de sua comunidade. Parecia que tivesse passado o perigo e por isso foi levado para casa. No dia seguinte, novamente o mesmo sintoma de ameaça de enfarte. Imediatamente foi levado ao outro hospital. Aqui veio a falecer, às 15 horas, vítima do enfarte agudo do miocárdio e hipertensão arterial sistêmica. Sua morte foi muito sentida em toda Fátima do Sul e em outras comunidades, onde era conhecido e estimado.

Nasceu em São João do Polêsine no dia 1° de janeiro de 1923, filho de José Milanesi e Elisa Cera; era o 6° entre sete irmãos e quatro irmãs. Sua família se distinguiu por uma fé profundamente crista. No lar se cultivavam muito o canto e a música; tanto o pai como diversos irmãos faziam parte do coro da igreja. O Irmão Odone foi aluno do célebre professor Antônio Ceretta, que educou diversas gerações. Odone entrou no seminário de Vale Vêneto em 1935 com outros colegas, entre os quais: Justino Pivetta, Mateus Cassol, Homero Trevisan, Santo Marcuzzo, Luiz Trevisan, Milvo Alberti. Ali fez os cursos primários e uns anos do ginásio, menos o latim, pois entrara para ser Irmão. Ainda era o tempo em que os Irmãos não tinham uma formação específica. Nos anos trinta, o seminário Rainha dos Apóstolos recebia muitas doações em alimentos por parte de famílias muito unidas ao seminário. Odone Milanesi, a cavalo do “cego”, a famosa montaria de carga do seminário, ia de casa em casa coletar donativos: verduras, legumes, galinhas, ovos, queijo e outras ofertas espontâneas daquele povo do vale. Nosso confrade provinha da família de cantores e amantes da música; por isso logo se interessou em aprender a tocar harmônio e fazer parte do coro do seminário, como tenor. Em 1942 fez o noviciado em Polêsine sob a orientação do Padre Agostinho Michelotti. Ao mesmo tempo, Odone foi professor de alunos do primário que vinham estudar no mesmo noviciado.

Em 1943 a 1948, esteve no Patronato A. A. Ramos, exercendo o cargo de professor dos cursos do primário e ao mesmo tempo cuidava da disciplina dos alunos, internos e externos. Ali ensinavam canto e música. Ao ser transferido do Patronato, foi para exercer o mesmo cargo, no seminário de Vale Vêneto até 1956. Continuou a ensinar harmônio e canto e solfejo aos seminaristas. Era também o organista da casa. O Ir. Odone sempre teve uma voz educada e firme de tenor e, quando precisava reforçar o coro, fazia segunda voz também.

E, continuando sua trajetória pelas casas da nossa província, de Vale Vêneto passou pelo Seminário São José de Faxinal do Soturno (1957 a 1962), dando seu contributo no magistério e na disciplina dos alunos. Somando todos os anos de seus trabalhos em seminários e no Patronato A. A. Ramos, temos 19 anos de dedicação e serviços à província. E não parou ali; sua dedicação continuou; pela segunda vez voltou para o seminário da Rainha dos Apóstolos de Vale Vêneto, durante os anos de 1963 e 1964. Em 1965 ele esteve mais um ano em Faxinal. Ao finalizar esta etapa sentiu-se cansado, exausto. Pediu um ano de descanso; quis passar esta fase em sua terra natal, Polêsine (1966). Ao retornar a Vale Vêneto pela terceira vez, quis “exonerar- se dos encargos exercidos até àquela data, dando seu préstimo como chefe da chácara e da granja do seminário.

Depois dum longo tirocínio como professor e responsável pela disciplina nos seminários de Vale Vêneto e Faxinal do Soturno, o Ir. Odone aceitou fazer o curso de catequese no IDPC. de Santa Maria, a fim de se habilitar na pastoral catequética.

Isto aconteceu em 1970. No ano seguinte transferiu-se para Fátima do Sul, MS. O padre provincial daquele tempo tinha o plano de fundar nesta paróquia uma escola catequética. No livro do tombo do dia 14 de janeiro aparece esta nota: “Hoje nos visitaram 7 confrades: Ir. Odone, Ir. Concórdio Dotto, Ir. Ovídio Busanello, Ir. Lourenço Ragagnin e o teólogo Elói Roggia. Os dois primeiros ficarão conosco, integrando a equipe de catequese”. Dias depois o mesmo livro do tombo registra: “Missa cantada…O coral da paróquia, organizado pelo dinâmico Ir. Odone Milanesi, membro do futuro centro catequético, estreou a 1° missa cantada, em Fátima do Sul “Imaginem, no espaço de uns 20 dias, ele conseguiu organizar e ensinar um grupo de cantores que seria o futuro coro Santa Cecília daquela comunidade! E o centro catequético foi instalado com a presença dos padres da delegatura das quatro paróquias do Mato Grosso do Sul, dia 16 de fevereiro de 1971. Quem dirigiu o evento foi o então padre provincial, José Pillon. O vigário era ainda o padre José Pascoal Busato. O coro Santa Cecília, de Fátima do Sul, sob a direção do Ir. Odone, já se tornara conhecido na região. No dia da posse do novo Bispo de Dourados. Dom Teodardo Leitz, o coro do Ir. Odone abrilhantou a festiva celebração com muito realce.

Em todas as festas e solenidades da comunidade de Fátima do Sul, o coro Santa Cecília sempre marcava presença. Porém, a grande atuação do coro foi na missa dominical irradiada através do rádio local. Em pouco tempo se tornou ouvida em toda a região. A par de tudo o que se disse a respeito do coro, deve-se colocar em evidência os grandes méritos da escola de música e de canto por ele fundada e dirigida com muita competência. Quem poderá contar os frutos que ela produziu? Quantos alunos formou? Por falta de dados, não é possível dizer mais sobre aquela disciplina.

Ele amava e gostava do canto e da música. Fez dela seu ideal que lhe imprimiu o dom da alegria e da comunicação. Seu desaparecimento abriu uma lacuna no ramo dos nossos irmãos leigos. Sua presença nos seminários de Vale Vêneto e de Faxinal do Soturno foi de alegria, de entusiasmo e otimismo. Não sabia o que era pessimismo. Amou sua vocação de irmão e como tal se distinguiu. Era piedoso e correto em tudo e muito responsável nas suas tarefas. Deixou na mensagem e seu testemunho de vida religioso, como devoto de Maria Rainha dos Apóstolos e do Fundador.